Festa do Avante! maior e melhor nos seus 40 anos

Bem-vindos à terra <br>onde os sonhos são compromisso de vida

Hugo Janeiro (texto) Inês Seixas (fotos)

Jerónimo de Sousa saudou os construtores da Festa do Avante! e sublinhou que a maior iniciativa político-cultural nacional que amanhã abre portas é o exemplo acabado de que, «quando nos empenhamos, com convicção e confiança, não há dificuldades nem obstáculos intransponíveis».

«Não há dificuldades nem obstáculos intransponíveis»

A Festa do Avante! que amanhã dará as boas-vindas a «todos os que vierem por bem», como disse no sábado, 27, o Secretário-geral do PCP ao intervir na jornada de implantação, é o ponto de chegada de um longo caminho percorrido. Provavelmente, muitos dos que a vão visitar e nela viver momentos inesquecíveis de fraternidade, desconhecem que os seus 40 anos encerram uma história heróica, e, por isso, não menos futuro.

Desde logo porque a Festa do Avante! é a Festa de Abril, onde se vivem, afirmam e projectam os seus valores profundos, entre os quais a democracia que a Revolução trouxe ao nosso povo e ao nosso País, permitindo justamente a realização da Festa.

A história da Festa do Avante! traduz a luta de classes que se desenrola incessantemente enquanto persistir a exploração do homem pelo homem. E isso é particularmente evidente quando recordamos que desde a sua primeira edição, em 1976, a Festa do Avante! foi alvo do ódio do grande capital e dos seus fiéis servidores. Naquele ano, foi um atentado bombista, inaugurando uma série de tentativas de condicionar ou impedir a Festa que passaram pela proibição da sua concretização no Vale do Jamor, pela posterior expulsão do Alto da Ajuda com o falso argumento do início de uma obra pública que, afinal, só viria a começar muitos anos depois, e, já depois da compra da Quinta da Atalaia pelo PCP, pela aprovação de uma Lei do Financiamento dos Partidos Políticos que visa o Partido e a sua Festa. Lei que todavia continua em vigor, como prosseguem a Festa e o Partido Comunista Português, que não se deixa amedrontar e sabe, sente e leva à prática a afirmação segundo a qual a liberdade defende-se exercendo-a.

Muitos dos que forem à Festa do Avante! nos próximos três dias não sabem – mas se quiserem olhar e reparar, facilmente irão constatar – que cada Festa, cada dia da Festa, é um capítulo que honra o caminho já feito. Porque em todos e por todo o lado sobressai «a disponibilidade militante para participar, construir e realizar a Festa do Avante!». Uma «disponibilidade livremente assumida por homens e mulheres livres, só possível por aqueles que têm ideais e convicções na luta por uma vida melhor para o povo e o País, que encontram nesta Festa a expressão concreta dos valores da justiça social, da cultura, do progresso, da democracia, da soberania nacional, da solidariedade com outros povos, desses valores que continuam ancorados no coração da maioria do nosso povo: os valores de Abril», como notou Jerónimo de Sousa na iniciativa do passado sábado.

Cabo da boa esperança

Cada jornada de trabalho é, igualmente, resultado da convergência da vontade, generosidade e determinação colectiva em fazer a Festa. E por isso o Secretário-geral do PCP ali esteve a saudar os construtores, independentemente de serem ou não membros do PCP ou da JCP.

Os construtores, aqueles que «organizam, arquitectam e projectam», que «divulgam a Festa do Avante!, que vendem as Entradas Permanentes (EP) e elevam a sua militância, e a transformam numa realização humana ímpar – na Festa da juventude, na Festa de Abril e dos seus valores políticos, sociais, culturais, de fraternidade e solidariedade internacionalista», disse.

No ano em que assinala os seus 40 anos, a Festa do Avante! apresenta-se maior e melhor com a aquisição da Quinta do Cabo. «Lançámo-nos numa audaciosa campanha nacional de fundos num tempo em que os trabalhadores e o povo eram fustigados nos seus salários, rendimentos e direitos. Alcançámos as metas e algumas organizações ultrapassaram-nas, demonstrando, assim, que quando nos empenhamos, com convicção e confiança, em qualquer tarefa, não há dificuldades nem obstáculos intransponíveis».

Mas se «a campanha de fundos permitiu concretizar compromissos com a aquisição da Quinta do Cabo», foi o trabalho militante que a permitiu integrar no espaço da Festa, factos que mereceram alguns sublinhados da parte do Secretário-geral do Partido.

«Quando hoje alguns registam que o PCP tem um património significativo, omitem sempre como é que foi alcançado. Não tivemos favores do Estado nem de nenhum grupo económico ou financeiro. Foi a contribuição dos militantes e amigos do Partido, de muitos democratas e amigos da Festa que têm garantia da nossa regra de outro: tais contribuições não são para beneficiar nem militantes, nem eleitos, nem dirigentes. São, no respeito pelo princípio e ética com que estamos na política, para servir os trabalhadores e o povo português, não para nos servirmos a nós próprios», lembrou.

Um só espaço

«Alcançado o objectivo da campanha, colocou-se imediatamente outra exigência. Integrar de forma harmoniosa a Quinta do Cabo no terreno da Festa – coberta de mato e onde era preciso trabalho de raiz». Dito isto, Jerónimo de Sousa insistiu e deixou «uma palavra aos camaradas da Célula da Festa e do quadro permanente que se empenharam nas obras necessárias de arranque e preparação do terreno».

«Com as jornadas de trabalho a darem o impulso determinante» continuou, levou-se a cabo uma obra «que não é visível». «Realizou-se movimentações de terras, construiu-se uma nova vedação, e uma nova entrada na Festa, colocou-se de raiz todas as infra-estruturas de energia de iluminação pública, de águas, de esgotos, de comunicações. Construímos novos arruamentos transportando e colocando lancis a pulso; plantámos novas árvores, preparámos o espaço para a implantação das organizações e espaços centrais; construímos uma novo espaço criança.

«De ano para ano teremos uma Festa melhor», acrescentou. «Sim, o trabalho sempre foi fonte de realização do ser humano, mas este trabalho, este empenhamento militante tem um significado mais fundo», considerou.

«É constituído por homens, mulheres e jovens que pagando a sua EP para entrar, constroem a Festa do Avante!, disponibilizando-se para as tarefas dos três dias em que ela se realiza. Sentem-na como obra sua partilhada com milhares de visitantes, com delegações internacionais, e onde sobressai a participação imensa da juventude», afirmou, constatando, desse modo, o que já sabem as centenas de construtores da Festa do Avante! que ali estavam para ouvir a sua intervenção: a Festa do Avante! é a terra onde os sonhos são compromisso de vida.

E não há mesmo Festa como esta – pronto!

 

Legítimo orgulho comunista

Na saudação aos construtores, Jerónimo de Sousa não deixou de realçar que pese embora a exigência colocada pela implantação da Festa do Avante! alargada ao novo terreno da Quinta do Cabo, o PCP não fechou para obras da Festa.

«Respondemos às tarefas do quotidiano com a nossa intervenção, a nossa acção», bem como «à nova fase da vida política nacional animando a luta e preparando em andamento o XX Congresso do PCP», frisou o dirigente comunista partilhando o legítimo «orgulho no Partido que temos e no Partido que somos».

E mais orgulho sentimos porque nos encontramos «alicerçados no inabalável compromisso com os trabalhadores e o povo, afirmando a nossa identidade comunista, honrando a sua dimensão e percurso de Partido patriótico e internacionalista».

«Aqui estamos, prontos e dedicados a dar o melhor de nós para assegurarmos um Portugal desenvolvido e soberano, firmemente empenhados na afirmação do seu programa e projecto na concretização e afirmação de uma democracia avançada, os valores de Abril no futuro de Portugal, tendo como horizonte o socialismo e o comunismo», concluiu.




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